Muito se tem falado sobre vivermos uma época de transformações profundas nos negócios. Sobre o quanto é inevitável que processos se automatizem e a gestão financeira se torne, logo, cada vez mais digital. O futuro começa a acontecer e um dos desafios para um diretor financeiro, CFO, está além de participar do amanhã, sobretudo, liderar o que está por vir.
Apesar de as funções básicas de um CFO se manterem como cruciais para a continuidade e consolidação do negócio – como atingir objetivos financeiros operacionais da empresa e a melhoria contínua dos resultados subsequentes –, esse profissional aparece como peça-chave para que melhores decisões sejam tomadas com base em dados.
É o CFO que decide o que se pode fazer com os dados gerados, depois que eles forem analisados e transformados em informação que gerarão o conhecimento necessário para criar oportunidades. Num loop infinito. Assumindo, assim, um papel de destaque que levará o negócio a operar com todo seu potencial.
O CFO é o braço direito do CEO e precisa atuar como parceiro de negócios para tomar decisões mais eficientes e inteligentes com base na estratégia definida. O que significa dizer que todos os departamentos de uma empresa devem estar interconectados e com objetivos encadeados. O começo desse trabalho está, por exemplo, em mudar o mindset de um time comercial que prefere fechar uma venda mesmo que um cliente não esteja bem financeiramente.
Esse exemplo, recortado do livro “CRM – Sucessos e Insucessos” de Marcos Fabio Mazza, reflete o que pode acontecer quando objetivos não estão ligados:
- O departamento de logística estabelece um objetivo audacioso: reduzir os custos com frete em 10%. Seus colaboradores se reúnem e identificam que cargas fechadas diminuem o custo do frete e que, no caso de não terem cargas fechadas, os despachos serão adiados até a formação da carga.
- O departamento de marketing identifica que o mercado de pequenos comerciantes deverá ter um crescimento de 30% em suas vendas devido á chegada do Natal. Define então como objetivo aumentar suas vendas aos pequenos comerciantes em 30%.
- O departamento de finanças identifica que precisa diminuir o capital de giro com recursos externos e determina que as vendas no mês de outubro e novembro só serão aceitas com pagamento à vista e contra a entrega da mercadoria. Esta ação reduzirá os custos operacionais em 20%.
- O diretor do departamento de vendas, após conhecer os objetivos dos outros departamentos, teve um ENFARTE e foi hospitalizado.
Como poderiam realizar vendas para pequenos comerciantes somente à vista e ainda esperar fechar cargas para poder entregar e receber?
O caso é somente uma suposição, mas pode demonstrar que, quando os objetivos não são interrelacionados e buscam um objetivo comum, o resultado pode ser catastrófico.
Empresas funcionam por meio de seus processos operacionais e mesmo que alguém ache que o seu trabalho impacta pouco ou quase nada nos resultados da organização, precisa perceber que pensar assim é um equívoco enorme.
Quando se fala que o CFO deve construir uma parceria de negócios entre o departamento que comanda e toda a empresa, significa que todos os outros departamentos precisam entender o porquê eles fazem o que fazem na empresa e de que forma isso influencia todo o negócio.
Segundo pesquisa da Robert Half, “Finance 2020: Closer than you think – The future is here”, além das habilidades técnicas para gerar oportunidades para o negócio, como modelagem estatística e análise de dados, análise e planejamento financeiro, orçamento, previsão e análise operacional, um CFO geralmente precisa ter também outras habilidades essenciais, como aptidão de comunicar para liderar, traquejo comercial, capacidade de se adaptar às mudanças e de construir estratégias.
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Como mencionado no primeiro parágrafo deste artigo, o papel de liderar o futuro da gestão financeira também caberá ao CFO e ele poderá ter sucesso nessa tarefa a partir da colaboração. Os principais tópicos destacados na pesquisa da Robert Half que vão nortear a preparação para o futuro que já chegou podem ser conferidos a seguir.
Avalie quais dos seus processos atuais podem ser automatizados para que se tornem mais eficientes e permitam que a equipe agregue mais valor aos negócios.
Certificar-se de ter um entendimento completo das tecnologias digitais e da análise de dados para cumprir as prioridades estratégicas e o desempenho geral dos negócios.
Colaborar com departamentos internos e partes interessadas, posicionando assim o departamento financeiro como um parceiro de negócios que agrega valor à organização.
A mudança continuará a acontecer. Apenas fazer parte dessa mudança não basta, é preciso liderá-la. Aceitar a mudança permitirá ampliar a experiência e envolver-se mais nos negócios.
Certificar-se de ter uma ideia clara de como a digitalização e a automação estão afetando as habilidades necessárias do time. Garantir que ele dê suporte às necessidades financeiras operacionais e às mudanças nas expectativas dos negócios.
Verificar se há os recursos técnicos e humanos para atender às necessidades e impulsionar o desempenho dos negócios.
Considerar quais membros da equipe poderiam ser potenciais líderes de negócios e quais são mais adequados para funções operacionais.
Como a demanda por profissionais qualificados de finanças e contabilidade está superando a oferta em muitas áreas funcionais, é melhor planejar agora para garantir que o time tenha os profissionais talentosos para o sucesso futuro.
Bônus: ENVOLVER-SE! Fazer um exercício passando tempo suficiente com os demais departamentos da empresa vai fornecer uma visão pragmática sobre as dificuldades que eles enfrentam rotineiramente. Além de demonstrar a todos o que acontece na empresa e como os objetivos deles interferem nos resultados do negócio. Por fim, os benefícios e as projeções para quando os objetivos comuns forem atingidos também podem ser destacados nessa experiência.