Tendências e rumos para as viagens corporativas

6 julho 2020
Apresentamos dados sobre o desempenho do turismo corporativo em 2020 e de que forma o isolamento social imposto pela covid-19 impacta o setor. Apontamos quais tendências para as viagens corporativas deverão ser a rotina a partir de agora.

Responsável por 1 a cada 10 empregos no mundo, o setor de turismo vem sendo um dos mais impactados com a pandemia do novo coronavírus. A previsão de crescimento numa escala global era de 3% a 4% em 2020, segundo a Organização Mundial de Turismo (OMT). A perda prevista para o setor, por outro lado, é de aproximadamente US$ 300 bi a US$ 450 bi em relação a gastos das pessoas com viagens internacionais.

A gravidade da crise atual pode ser percebida quando comparada à de 2009, pois, o turismo internacional declinou 4%; e apenas 0,4% em 2003, com a crise da SARS. A Associação Brasileira de Empresas Aéreas (ABEAR) relatou que, comparado com o período de março de 2019, houve uma queda de 75% na demanda pelo turismo nacional e de 95% no internacional no mesmo intervalo em 2020.

Muitos sonhos estão estacionados, simbolizados pelos aviões de companhias aéreas em pistas de aterrissagem. Reuniões corporativas agora acontecem por meio do sinal do wi-fi que está no ar “voando” até os dispositivos móveis. Os eventos de negócios que antes aconteciam em hotéis luxuosos agora ocorrem numa ferramenta de videoconferência; cujo background pode ser escolhido pelos participantes.

Os efeitos da covid-19 para a toda a indústria do turismo, como nota-se, é sem precedentes. Participar desse futuro incerto, cujas perguntas ainda não foram completamente respondidas é como comprar uma passagem só de ida para um lugar que exige adaptabilidade e muita resiliência dos profissionais e de todo o setor.

Todo mundo foi cancelado em 2020 (ou adiado) 

A Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa) realizou uma pesquisa com 48 dentre as 62 operadoras associadas e constatou que entre março e maio de 2020, R$ 3,9 bi foi o valor resultante de reembolso (33% à vista e 7% em parcelas), adiamentos de viagens (60% foram renegociadas) ou mesmo pedidos de cancelamentos.

Os cancelamentos impactaram 98% das empresas:

Segundo uma pesquisa da Panrotas no fim de março de 2020, a decisão sobre o que fazer com as viagens que estavam marcadas era um ponto de interrogação para 45% das pessoas; 22% delas optaram pelo cancelamento e pedido de reembolso. Assim, 33% dos entrevistados resolveram aderir à campanha “Não cancele. Adie” e deixar suas viagens em stand by.

Como consequência, segundo Braztoa, 75% das empresas superaram adiamentos de viagens em mais de 50%: 

Em uma época de incertezas, economizar é sempre melhor e essa reação do consumidor ao pedir algum tipo de reembolso sobre suas viagens pode ser resultado da demora para a implementação da MP 948, que determina um prazo de 12 meses depois que a pandemia passasse para que o consumidor fosse ressarcido.

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Tendências e rumos para as viagens corporativas 

Durante o 1º Festival Internacional de Viagens e Eventos Corporativos On-line, o futurista especializado nesse setor, Johnny Thorsen, apontou pelo menos seis tendências que vão gerar impactos para a cadeia produtiva dessa indústria. As tendências foram recortadas da edição 1423 da revista Panrotas.

  1. Definição de um novo protocolo de segurança

Mais do que nunca será necessário fazer uma verdadeira auditoria do desempenho de limpeza e higiene dos fornecedores, principalmente companhias aéreas, hotéis e locadoras de automóveis. Isso poderá ser feito por performances entregues por meio de dados, sem intervenção humana.

  1. Novos procedimentos para aprovação antes da viagem

A viagem é importante o suficiente para justificar o exercício do planejamento? Planejar agora será caro, por isso surgirá o novo mindset sobre quando o deslocamento poderá e se deverá, de fato, acontecer. Tudo precisará ser documentado, pois cada país terá suas regras, que poderão mudar em questão de dois dias, e deverá ser construído com a possibilidade de cancelamento.

  1. Teste para covid-19 no dia da viagem (ou um dia antes)

Todos os aspectos de saúde do colaborador serão levados em conta a partir do momento que começarmos a viajar; incluindo testes a serem feitos para identificar o coronavírus. Pode ser que um país exija apenas o uso de máscara, mas, em outro, seja preciso medir a temperatura. A companhia e o viajante permitem isso? A empresa precisará estar pronta para diferentes cenários.

  1. Reuniões híbridas conectadas com presenciais

Será um novo ambiente para reuniões, com grupos de pessoas se encontrando pessoalmente, mas também virtualmente. Como planejar as viagens corporativas com aquelas que precisam se locomover até o local e as que ficarão em casa? Será necessário ter tecnologia para isso, pois só o Google Maps para calcular as distâncias não será suficiente. E os hotéis precisarão se adequar a essa nova realidade, oferecendo conexão e internet de ponta.

  1. Pacote de proteção contra covid-19 à espera do viajante 

Máscaras, luvas, kit para teste, como estes objetos serão entregues ao viajante corporativo? Ele mesmo levará seu kit? Ele será entregue no hotel, no aeroporto? Não há como saber como funcionará, mas esta questão dependerá de cada indivíduo e de suas escolhas pessoais.

  1. Habilidades por destino para reduzir a necessidade de viagens corporativas

Para que haja menos deslocamentos, será necessário descobrir qual é a pessoa qualificada mais próxima do cliente em questão. Ter um arquivo com as habilidades dos funcionários para entrar na nova equação do planejamento dos deslocamentos será essencial.

Em maio de 2020, por meio de uma pesquisa, a Robert Half averiguou o comportamento das pessoas num cenário de flexibilização da quarentena. Uma das respostas pode ligar um sinal de alerta para o  turismo corporativo – ou se tornar uma grande oportunidade para uma reinvenção –, uma vez que 52% vão reconsiderar viajar a negócios. Essa reflexão se deve ao fato de que compromissos de trabalho, como reuniões, eventos e treinamentos, por exemplo, podem ser facilmente realizados por meio de ferramentas de videoconferência mesmo em home office.

Que viagem é essa?

Muitas pessoas podem não ter se preparado para parar com as viagens corporativas e não ir a eventos de negócios; parar de cumprimentar colegas e clientes com apertos de mãos ou respirar na rua com a ajuda de uma máscara. Mas tudo aconteceu de repente e as ferramentas de videoconferência têm suprido as necessidades pontuais do mundo corporativo presencial; como o treinamento de funcionários, lançamento de novos produtos e serviços no mercado, por exemplo.

Considerando os dados apresentados, o que se pode concluir é que a retomada do setor de turismo será lenta; principalmente para viagens corporativas, devido às mudanças no comportamento.

Mantenha-se conectado e mais próximo de quem continuará a fazer viagens corporativas no pós-pandemia: sua empresa, clientes, parceiros e fornecedores.

A colaboração é uma estratégia poderosa em momentos de crise.

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