No início de 2020, dificilmente as organizações teriam imaginado que uma pandemia sem precedentes exerceria influência nas principais tendências de tecnologia para 2021. Muitas pessoas já falavam sobre o quanto a tecnologia passaria a se tornar realidade para contribuir com a sobrevivência e nascimento de empresas. Mas não se imaginava que essa mudança seria tão de repente e de forma tão intensa.
As organizações que estão passando por essa crise sairão mais fortes e mais preparadas para os desafios desse novo ano. Não porque perceberam que o uso da tecnologia por si só as salvaria, mas sim porque notaram que estava-se perdendo oportunidades de crescimento em meio a outras frentes de negócio até então adiadas para sabe-se lá quando – vender via apps de delivery agora é o novo básico.
A Gartner desenvolveu um documento que possibilita observar a coexistência das tendências de tecnologia para 2021 baseadas em uma tríade de temas: Pessoas no centro, Independência de localização, Entrega resiliente. Dentro desses 3 pontos, há 9 tendências interessantes destacadas a seguir.
Pessoas no centro: Jamais esqueça: empresas são pessoas. Logo, o protagonismo no processo de tomada de decisão para a criação de novas estratégias de negócios baseia-se nelas: as pessoas.
O que é causa e efeito quando se fala do comportamento dos seres humanos? A internet de comportamentos se baseia no rastreamento de dados deixados pelas pessoas na internet. Não se trata apenas de um assistente virtual em smartphones ser ativado “do nada” e ouvir conversas aleatórias do seu dia a dia para apresentar anúncios relacionados em suas redes sociais. A IoB tende a se tornar cada vez mais sofisticada.
Big data, dados em mídias sociais, geolocalização etc. De um lado, a Internet de comportamentos faz parte da vida de todos e ajuda, por exemplo, a traçar um perfil de quem utiliza determinado aplicativo para evitar suspeita de tentativa de fraude. Esse é basicamente o conceito da biometria comportamental.
Por meio dela, ferramentas tecnológicas conseguem identificar de maneira passiva, como analisar o histórico de compra na base de dados da ferramenta, se a pressão dos dedos ao digitar na tela do celular pertence ao usuário real e não a um fraudador. Ou de maneira ativa, com “quizzes” na hora do cadastro e reconhecimento facial nas etapas de pagamento.
Essas são formas de proteger a empresa contra fraudes, já que um fraudador rouba os dados, mas ele nunca será o cliente real, pois isso é insubstituível.
Em contrapartida, surgem implicações sociais e éticas com a utilização e desenvolvimento da IoB por instituições públicas e privadas. Por meio das iniciativas presentes no Open Banking e na LGPD, por exemplo – em que o usuário é o único proprietário de seus dados e é ele quem decide como eles devem ser usados –, essas questões podem ser mais facilmente vencidas.
Principalmente quando as relações de trabalho acontecem remotamente, investir em uma “experiência total” passa a ser um diferencial importante para as marcas.
A Gartner ressalta que a combinação de diferentes disciplinas é o caminho que oferece maiores oportunidades de aprimorar continuamente a entrega de uma “experiência total” para todos os envolvidos nesse processo: multiexperiência (MX), experiência do cliente (CX), experiência do funcionário (EX) e experiência do usuário (UX).
A Gartner cita um exemplo de aplicação da experiência total em uma empresa de telecomunicações. O objetivo da empresa era melhorar seus padrões de segurança e gerar mais satisfação. A organização utilizou um aplicativo que já existia para enviar push notification quando seus clientes estavam a 25 metros da empresa. As mensagens davam orientações sobre 2 coisas: Como seria o processo de check-in e quanto tempo levaria até que fosse possível entrar em segurança na empresa mantendo distanciamento social.
Atualmente, os melhores exemplos para entender essa tendência são o PIX e o Open Banking. Em ambas as inovações, as organizações públicas e privadas conseguem colaborar entre si, considerando políticas de compliance, legislações vigentes como a LGPD, além de acordos de confidencialidade, privacidade e segurança.
A computação que melhora a privacidade possui pelo menos 3 níveis de processamento de dados, segundo a Gartner. O primeiro fornece um ambiente confiável no qual dados confidenciais podem ser processados ou analisados. O segundo executa o processamento e a análise de maneira descentralizada, como machine learning com reconhecimento de privacidade. O terceiro criptografa dados e algoritmos antes do processamento ou análise.
Independência de localização: Mesmo com o fim da pandemia, é inevitável que muitos modelos de negócios continuem a funcionar por meio do home office.
Destacada como “o futuro da nuvem” pela Gartner, a nuvem distribuída permite que serviços de nuvem sejam distribuídos para diversos locais físicos, mas com operação, segurança e evolução sob a responsabilidade do provedor da nuvem pública.
Além de reduzir custos, a nuvem distribuída ajuda as organizações a se adequarem a leis que determinam que os dados precisam estar em uma área geográfica definida. São exemplos de nuvem distribuída: 5G e Internet das Coisas (Internet of Things ou IoT).
O cenário em que essa tendência está inserida contempla operações remotas com experiências que superem expectativas continuamente. Para ter sucesso, é necessária uma mudança na infraestrutura da operação do negócio a partir da colaboração e engajamento de funcionários e clientes visando melhora na produtividade. Além de acesso remoto seguro, nuvem e infraestrutura de ponta, quantificação da experiência digital e automação para suportar operações remotas.
O home office e a crescente necessidade de suporte remoto é o principal catalisador de uma das mais importantes tendências de tecnologia, a malha de cibersegurança. Ela foi definida pela Gartner como uma abordagem arquitetônica distribuída para controle de segurança cibernética escalonável, flexível e confiável. Ou seja, a malha de cibersegurança se dá a partir de um perímetro que poderá ser definido em torno da identidade de uma pessoa ou uma coisa.
Entrega resiliente: Crises vêm e vão e é a capacidade de reagir da forma mais ágil e estratégica possível que fará diferença.
A Gartner constatou que a crise provocada pelo novo coronavírus foi fatal para negócios que prezavam mais pela eficiência em detrimento da eficácia. A adaptação tem sido a nova lei para todos. Os aprendizados que ficaram para os próximos anos é de que a tomada de decisão pode ser mais ágil e trazer impactos positivos para toda a organização quando há autonomia para os colaboradores, além de um melhor acesso às informações para se conseguir insights com elas.
Para ter sucesso, uma estratégia de Inteligência Artificial precisa de 3 pilares: DataOps, ModelOps e DevOps. Os benefícios são melhora no desempenho, escalabilidade, interoperabilidade e confiabilidade. A Gartner salientou que sem a engenharia de inteligência artificial, a maior parte das organizações tende a falhar e os projetos de I.A. não passarão das fases de provas de conceito e prototipação para a produção em escala real.
Essa é uma das tendências de tecnologia que já faz parte da realidade de muitas empresas mesmo antes da pandemia, mas a atenção dada a hiperautomação se refere a necessidade de potencializar as habilidades dos colaboradores.
Por exemplo, a automação financeira objetiva reduzir ao máximo o trabalho manual para reduzir erros e perdas financeiras. Dentre os benefícios, incluem-se o aumento da produtividade, maior controle financeiro, redução de custos operacionais etc.
Para usufruir de todas essas vantagens é importante adotar ferramentas que estejam alinhadas às necessidades da sua empresa. Em um cenário altamente dinâmico e desafiador como o atual, acompanhar tendências de tecnologia é interessante exatamente por isso: prever quais serão as necessidades que sua empresa passará a ter nos próximos meses e anos. Esse exercício tem ajudado empresas a não apenas se consolidarem, sobretudo, a contribuírem com o desenvolvimento de seus mercados de atuação.