Carteiras digitais são plataformas de transações financeiras que podem ser utilizadas em smartphones. Nelas, uma pessoa cria uma conta disponibilizando seus dados que são armazenados com criptografia. Com uma carteira digital é possível fazer transferência entre contas, realizar compras pela internet, pagamento de boletos etc.
A presença das carteiras digitais nos smartphones dos brasileiros tem se disseminado como opção de pagamento sem contato desde que a pandemia do novo coronavírus impôs o isolamento e distanciamento social. Para ter ideia, quando Governo Federal anunciou o pagamento do auxílio emergencial a uma parcela da população brasileira, o número de cadastros no PicPay saltou de uma média de 500 mil para 3 milhões – o aplicativo pode ser utilizado para o saque do benefício.
A área de Inteligência de Mercado da Globo apurou que 61% dos smartphones no Brasil possuem carteiras digitais para pagamentos. Além do PicPay, fazem parte da lista de 600 opções disponíveis no mercado: Apple Pay, PayPal, MercadoPago, Google Pay, Samsung Pay, Ame etc.
Em uma pesquisa recente, a Mastercard constatou que 53% dos brasileiros pretendem fazer menos compras usando dinheiro físico e outros 52% disseram que vão comprar mais on-line. O dado mais interessante é que para 63% dos entrevistados, o pagamento por aproximação é uma tendência que vai prevalecer mesmo após a pandemia. Assim, o percentual de 80% das adquirentes que aceitam cartões com a tecnologia contactless tende a aumentar. No Brasil, há 4,9 mil cidades brasileiras com maquininhas de cartão aderentes a tecnologia Near Field Communication (NFC).
No exterior, o principal motivo pela falta de adesão total à tecnologia NFC, vinculada ao pagamento com carteiras digitais, é que não são todos os modelos de smartphone que possuem a tecnologia. O pagamento com QR code via carteira digital é mais acessível, pois, basta posicionar a câmera do aparelho para efetuar um pagamento.
Nesse contexto, a pesquisa citada da Globo detectou que:
Em contrapartida, a Mastercard e a Kantar verificaram que até 2030, os brasileiros desejam que pelo menos 55% das suas transações financeiras aconteçam instantaneamente. Com a implementação definitiva do PIX (Pagamento Instantâneo) nas carteiras digitais em novembro de 2020, as empresas que utilizarem ambos os meios de pagamento em conjunto, terão a oportunidade de depender menos de capital de giro e, assim, melhorar cada vez mais sua gestão de fluxo de caixa.
A primeira carteira digital surgiu em 2014, quando a Apple lançou o iPhone 6 e anunciou a solução para pagamentos móveis, ApplePay, com a tecnologia NFC. A novidade se deu por meio de uma parceria com a American Express, Mastercard e Visa. O objetivo era substituir cartões de crédito e débito físicos no momento do pagamento, porém, manteve-se a necessidade de digitar uma senha no smartphone para autenticar a operação.
Apesar de ter sido pioneira, hoje o lugar de destaque pertence à carteira digital chinesa Alipay, do Ant Group. No fim de 2019, a Bain Company descobriu que 10% dos estadunidenses utilizam o ApplePay e 80% da população chinesa usa o Alipay. Considerando as devidas proporções quanto ao número de usuários de cada app e o tamanho de cada país, a disparidade é enorme: o Alipay possui mais de 1 bilhão de usuários, enquanto o ApplePay tem mais de 250 milhões.
Um dos motivos da adesão alta às carteiras digitais no país asiático é o fato de que os chineses tinham o dinheiro físico como o principal meio de pagamento e que apresentava alto grau de atrito.
Por outro lado, a utilização de cartões nos EUA é bem aceita pela maioria das pessoas. E o “inconveniente” de mudança para a adoção das carteiras digitais tende a ser alto, considerando que os cartões de crédito e débito têm sido eficientes no país americano.
Os cartões de crédito costumam oferecer vantagens, como programas de cashback, milhas em viagens etc. Ou seja, o desafio para as carteiras digitais tende a unir o melhor dos dois mundos. Por exemplo, a Apple criou um cartão de crédito com alguns benefícios com recompensas pagas todos os dias, como:
Uma publicação da Harvard Business Review destacou dois pontos importantes para o sucesso de uma carteira digital:
1) Criar valor para todos os envolvidos;
2) Monetizar o ecossistema, não apenas o produto.
O ApplePay atingiu o primeiro ponto, mas o Alipay conseguiu utilizar os dois fatores em sua estratégia. Observe que a internet móvel na China se desenvolveu mais rapidamente do que nos EUA e os pagamentos móveis naquela sociedade acompanharam esse rápido crescimento. Para ter sucesso, uma carteira digital precisa ser mais útil, segura e fácil quando comparada com uma carteira física habitual.
Chris Skinner, comentarista do mercado financeiro, esmiuçou os dois pontos da Harvard Business Review em alguns fatores-chave que podem levar ao sucesso das carteiras digitais, como: infraestrutura, facilidade de uso, incentivos e onipresença.
Nos EUA, o ApplePay estava implantado a tecnologia NFC com altos custos para monetização, cobrando cerca de 0,15% de emissoras de cartão e bancos, além das taxas habituais a cada transação. Os terminais em lojas com a tecnologia e treinamento de funcionários custavam entre U$ 1.000 e U$ 2.000. Como resultado, apenas 10% dos pontos de vendas possuíam NFC. Em 2019, somente 6% das pessoas utilizavam a tecnologia na América do Norte, mesmo com quase todos os terminais de pagamento habilitados para NFC.
O Alipay cobra cerca de 0,6% a cada transação aos comerciantes, ou seja, metade da taxa cobrada por cartões de crédito do país. A carteira digital foi melhor aceita na China porque se utilizou de pagamento com QR code. Não há despesas indiretas ou custos para sua aquisição, além de ser mais acessível à maior parte das pessoas que usa smartphone.
Os códigos QR foram facilmente disseminados como meio de pagamento a partir dos superapps que já faziam parte da cultura chinesa, como o WeChat, por exemplo.
As empresas que vendem com Alipay têm a possibilidade de criar promoções melhor construídas com base no perfil do seu cliente para que ele seja atingido pelas propagandas quando estiver passando por uma loja. O consumidor pode, por meio de um QR code, efetuar o pagamento sem necessidade de terminais de pagamento, contas bancárias ou cartões.
O Ant Group contribuiu com a melhora da segurança dos dados das empresas e dos consumidores a fim de reduzir riscos e evitar perdas financeiras. Como consequência, o Alipay passou a atender aproximadamente 70% dos comerciantes chineses – em 2014 eram 1 milhão e passou a ser 30 milhões em 2018.
O crescimento do Alipay tem permitido que seu mantenedor, Ant Group, ofereça serviços de gestão de patrimônio para os consumidores e empréstimos para empresas que utilizam a carteira digital.
Com hábitos de pagamento muito enraizados numa cultura, o mais provável é que os diversos meios de pagamento coexistam – carteiras digitais, boletos, QR code, cartões de crédito e débito, PIX, reconhecimento facial, NFC, WhatsApp Pay etc. –, mesmo que o dinheiro em papel moeda acabe ficando cada vez mais raro na hora de fazer uma transação financeira.
A Equals é uma plataforma de gestão financeira inteligente que oferece soluções para empresas com grandes operações, como um setor financeiro mais complexo, que contam com um ou diversos estabelecimentos, um grande volume de transações e múltiplos meios de pagamentos como cartões, QR code, boletos, extratos bancários, vouchers etc.
Além dos mais de 90 meios de pagamento integrados, a plataforma Equals faz integração direta com os principais sistemas de automação e gestão do mercado: Sistemas de ERP e Gateways, como Auttar e VTEX, por exemplo.